O Sacramento do Matrimônio

26-02-2012 11:39

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

A narrativa dos Gênesis sobre o primeiro encontro do homem e da mulher mostra a importância que Deus quis dar à união conjugal. Diz o autor sagrado “E criou Deus o homem a sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou-o varão e fêmea” (Gn 1,27). Ao ver sua esposa Adão exclamou: “Eis aqui agora o osso dos meus ossos e a carne da minha carne [...] por isto deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher (Gn 2, 22-25).

 

O significado da sexualidade traz uma orientação para o matrimônio. Nos dois relatos do Gênesis, que evidentemente propõe o casal prototípico, pois saído das mãos do Criador, a instituição do matrimônio está ornada com as propriedades de união monogâmica, indissolúvel, numa fidelidade destinada à mútua complementação e á procriação.

Em Caná vemos Cristo e sua Mãe prestigiando as famosas Bodas, nas quais quis o Filho de Deus antecipar seus milagres com a célebre mudança da água em vinho. São Paulo aos Efésios, após repetir as palavras do Gênesis sobre a união do homem e da mulher, diz: “Este mistério é grande, mas eu digo, em relação a Cristo e à Igreja” (Ef 5,32).

Ele faz esta assertiva após ter dado estas diretrizes: “Maridos amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo para a santificar, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida, para presentear a si mesmo esta igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada ( Ef 5, 25-27). Conclui magistralmente: “Por isto, também cada um de vós (a exemplo de Cristo) que ama a sua Igreja ame sua mulher como a si mesmo; e a mulher reverencie seu marido” (Ef. 5, 33).

As propriedades do casamento são, portanto, a unidade,a fidelidade mútua, que os cônjuges devem afiançar um ao outro, e a indissolubilidade. No Evangelho está isto claro: “Todo que repudia sua mulher, e toma outra, comete adultério; e o que casa com a mulher que foi repudiada por seu marido comete adultério” (Mc 10, 11-12). São Paulo declara aos Coríntios: “Quanto àqueles que estão unidos em matrimônio, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido; e, se ela se separar fique sem casar ou reconcilie com seu marido.

 

Casamento na Matriz

 

 

E o marido igualmente não repudie sua mulher”(1Cor 7,10. Aos romanos ele afirma: “Por que a mulher, que está sujeita a um marido, está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas se morrer o seu marido, fica livre da lei do marido. Por isso, vivendo o marido, será chamada adúltera se estiver com outro homem: mas se morrer seu marido, fica livre da lei do marido; de maneira que não é adúltera se estiver com outro homem” (Rm 7, 2-3.)

Um dos méritos mais insignes da Igreja, e que a sociedade humana sempre lhe há de engrandecer, é o ter defendido em todos os tempos e dum modo impertérrito a indissolubilidade do matrimônio, quer enfrentando o terror dos poderosos, como ao desfazer os sofismas dos pseudo-filósofos ou as máximas deslumbrantemente falazes, espalhadas entre o povo.

É de se notar que além do aumento da graça santificante, o sacramento oferece forças para o cumprimento das obrigações que os pais assumem.. Eis a síntese que a Constituição Lumen Gentium apresenta: “Os cônjuges cristãos, pela virtude do sacramento do matrimônio, pelo qual significam e participam do mistério da unidade e fecundo amor entre Cristo e a Igreja, se ajudam reciprocamente para a santificação, em toda a vida conjugal bem como na aceitação e educação da prole, tendo assim em seu estado de vida seus dons próprios (cf. 1 Cor 7,7).

Deste consórcio procede a família na qual nascem os novos cidadãos da sociedade humana, que pela graça do Espírito Santo são constituídos filhos de Deus pelo batismo, a fim de que o povo de Deus se perpetue no decurso dos tempos.

É necessário que nessa espécie de Igreja doméstica os pais sejam para os filhos os primeiros arautos da fé, pela palavra e pelo exemplo: e favoreçam a vocação própria de cada um, especialmente a sagrada”. Belo ideal a ser colimado!

* Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.

FONTE: Arquidiocese de Mariana/MG